Este trabalho foi possível pelo empenho, sugestões preciosas, incluindo a sugestão da ideia, do Drº Henrique Barreto Nunes.
O trabalho teve por objectivo a elaboração de uma bibliografia das obras de edição portuguesa cuja circulação esteve proibida durante o regime fascista - Estado Novo de 1926 a 1974.
A censura instituída em 1926 cria uma política de informação repressiva que controlava ideologicamente a população. Não havendo censura prévia sobre os livros, a polícia política apreende-os nas tipografias, nas casas editoras, nas livrarias, nas casas particulares e vigiava a sua circulação nos correios, com total desrespeito pelos direitos do homem. A suspensão da circulação de títulos de publicações; a destruição dos livros; a extinção da Sociedade Portuguesa de Escritores em 1965; as obras proibidas à consulta nas bibliotecas; os autos de busca; a intimação e prisão dos escritores; uma só expressão: repressão cultural. ”Subversivos. Prejudiciais à segurança do estado. Contra os bons costumes”, dizem dos livros. Os livros foram proibidos, violados e perseguidos. Desde o romance, ao ensaio político, à sátira, à reflexão social, à poesia... Os livros que são a criação do espírito, património cultural da Humanidade, fizeram esta descida ao inferno durante o fascismo. Os anos 1975, 76, 77 e seguintes, são de uma riqueza editorial impressionante. As reedições das obras proibidas sucedem-se e posso dizer que foi fascinante, ao longo de muitas horas de trabalho, nos ficheiros da Biblioteca Pública Municipal do Porto, ver reaparecer os autores proibidos em edições livres, após o 25 de Abril: Urbano Tavares Rodrigues, Manuel da Fonseca, Manuel Alegre, José Cardoso Pires, Jean-Paul Sartre, Karl Marx, Henry Miller... múltiplos rostos, percursos, ideias. A elaboração deste trabalho tem como ponto de partida a relação dos livros proibidos da Comissão do Livro Negro Contra o Regime Fascista, que por sua vez se baseou no rol da Comissão Directiva da Associação dos Editores e Livreiros Portugueses, de Julho de 1974. Têm subjacente as comunicações recebidas, da Direcção dos Serviços de Censura e da Direcção Geral de Informação, dos livros que iam sendo proibidos, tanto edições portuguesas como estrangeiras. Tive a constante preocupação, durante o trabalho de pesquisa bibliográfica, de proceder a um levantamento exaustivo nos catálogos manuais da Biblioteca Pública Municipal do Porto, na Biblioteca Pública de Braga, na Base Nacional de Dados Bibliográficos -Porbase e numa biblioteca particular. Ao percorrer as centenas de fichas, constatei que a informação fornecida nem sempre era suficiente: data de edição não expressa, a obra só identificada pelo título e autor e sem atribuição de CDU. Registo, também, o caso de algumas fichas bibliográficas, na Biblioteca Pública Municipal de Porto, não possuírem cota. Tiremos as inferências.
Foram identificados 508 títulos mas cerca de 927 ficaram por localizar: referências deficientes, livros retirados da consulta nas bibliotecas devido à censura, etc. O número total das obras não identificadas contempla, também, as edições brasileiras que não foi possível distinguir das portuguesas com os dados que disponho.
Desde ontem, no E-LIS : Livros portugueses proibidos no Regime Fascista: bibliografia, para comemorar o 25de Abril !
Vivam as bibliotecas vivas!
O trabalho teve por objectivo a elaboração de uma bibliografia das obras de edição portuguesa cuja circulação esteve proibida durante o regime fascista - Estado Novo de 1926 a 1974.
A censura instituída em 1926 cria uma política de informação repressiva que controlava ideologicamente a população. Não havendo censura prévia sobre os livros, a polícia política apreende-os nas tipografias, nas casas editoras, nas livrarias, nas casas particulares e vigiava a sua circulação nos correios, com total desrespeito pelos direitos do homem. A suspensão da circulação de títulos de publicações; a destruição dos livros; a extinção da Sociedade Portuguesa de Escritores em 1965; as obras proibidas à consulta nas bibliotecas; os autos de busca; a intimação e prisão dos escritores; uma só expressão: repressão cultural.
Foram identificados 508 títulos mas cerca de 927 ficaram por localizar: referências deficientes, livros retirados da consulta nas bibliotecas devido à censura, etc. O número total das obras não identificadas contempla, também, as edições brasileiras que não foi possível distinguir das portuguesas com os dados que disponho.
Desde ontem, no E-LIS : Livros portugueses proibidos no Regime Fascista: bibliografia, para comemorar o 25de Abril !
Vivam as bibliotecas vivas!
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