quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

doze casamentos felizes

Nas Memórias do Cárcere, Camilo afirma acerca do livro "Doze casamentos felizes", que escreveu enquanto esteve preso:

"...do livro publicado com o título Doze casamentos felizes escrevi seis ou sete na cadeia. Senti prazer naquelas ficções, e orgulhei-me de ter nelas imaginado a vida como ela podia ser, sem desbarato do divino engenho que bafejou o lodo dos corações".

Os 12 casamentos são uma série de 12 novelas que desenvolvem o tema da felicidade no casamento, mesmo com as contendas da vida, as diferenças e as extraordinárias coincidências dos encontros e desencontros, o final é sempre feliz.
Vivam as bibliotecas vivas.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

E-LIS


E-LIS é um arquivo em livre acesso para documentação no domínio das Ciências da Informação, em regime gratuito, para o depósito e pesquisa, e em auto-arquivo. Fundado em 2003, tem cerca de 4.900 documentos (texto completo, artigos, conference proceedings, etc.), e está hopedado no AEPIC Team, CILEA (Itália) com a colaboração de editores voluntários espalhados pelo mundo.Utiliza o software GNU E-PRINTS. Para mais informação ler o artigo de Heather Morrison depositado no E-LIS: "E-LIS : the Open Archive for Library and Information Science"
Blogue de Heather Morrison - The Imaginary Journal of Poetic Economics

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

bokrea

Ontem , 21 graus negativos na sombra. Ao sol, 14 negativos. Na Suécia.
Mesmo com estas temperaturas festeja-se a Bokrea - saldos de livros. Os suecos fazem filas intermináveis à porta das bibliotecas, museus, livrarias e secções de livros nos supermercados, a partir da meia noite de 25 de Fevereiro, com o objectivo de comprarem livros mais baratos.
As bibliotecas têm mesmo que saldar livros (actuais, bestsellers) para terem espaço para adquirir outros mais recentes. Sim, isto acontece mesmo...Em Portugal as bibliotecas têm que adquirir nos saldos quando sobra alguma verba no orçamento das instituições.Quando não sobra nada, as bibliotecas ficam paradas no tempo. Não há reclamações dos utilizadores! E os bibliotecários quando desmascaram estas situações são silenciados. Na versão sueca, são saldados.

Blogar sobre Bokrea
Vivam as bibliotecas vivas.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

José do Telhado

De todos as personagens e casos focados nas Memórias do Cárcere, a história de capa e espada do José do Telhado é das mais interessantes. Camilo, enquanto esteve preso por adultério, conviveu com os maiores proscritos da sociedade, alguns inocentes, outros a quem ele limpou da crueldade, analisando sublimemente a condição humana e as condições sociais da época.
O herói Zé do Telhado, que faz parte da memória colectiva minhota, transforma-se, com Camilo, num mito nacional. De criminoso a herói.

"Este nosso Portugal é um país em que nem pode ser-se salteador de fama, de estrondo, de feroz sublimidade! Tudo aqui é pequeno: nem os ladrões chegam à craveira dos ladrões dos outros países! Todas as vocações morrem de garrote, quando se manifestam e apontam extraordinários destinos!"

In Memórias do Cárcere, Camilo Castelo Branco

Foi escrito por Camilo em 1862!
Vivam as bibliotecas vivas.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

as vinhas da ira

CICLO "UM LIVRO, UM FILME"

"As Vinhas da Ira", de John Ford
"As Vinhas da Ira" de Steinbeck

CONVIDADO: Mário Augusto (jornalista)
sexta-feira, 23 Fev. 07
Auditório do Centro de Estudos Camilianos, em S. Miguel de Seide
Entrada Livre

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

estômago


Ainda no Coração, Cabeça e Estômago, o Estômago é o livro que menos tem a ver com os ideais de Camilo. Aqui, na realidade, ele não defende um positivismo prático nem tem a convicção de que a felicidade se realiza no regresso à terra, apesar de Silvestre Silva morrer "pela boca", de indigestão!

"- Esquece-te, brutaliza-te, faze-te estômago, se queres viver à imagem do Deus, que faz os homens neste tempo!
O único livro, que lhe vi à cabeceira da cama, era a Fisiologia do paladar de Brillat-Savarin, e a Gastronomia, poema de Bouchet."

Vivam as bibliotecas vivas.

domingo, 18 de fevereiro de 2007

cabeça

de Mazen Kerbaj

Cabeça, segunda parte do Coração, Cabeça e Estômago, é a fase da vida da personagem central, Silvestre, em que este tem "relações sérias" com as mulheres. O poder do subconsciente a comandar os sentidos, a lei da paixão a ser refreada. Camilo escreve a Cabeça depois de ter estado na Prisão da Relação do Porto, onde esteve preso por causa do seu grande amor por Ana Plácido, acusado de adultério.
Inicia este livro com a seguinte sentença:

"O Homem não se deve sómente à sua felicidade: - primeira máxima."

Seguem-se outras, para o estômago trincar!
Vivam as bibliotecas vivas.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

coração

Na primeira parte do livro Coração, Cabeça e Estômago, é o Coração que comanda a vida da personagem Silvestre Silva.
Nesta fase da sua vida sentimental, Silvestre ama 7 mulheres! Só casará, na fase do Estômago, com a Tomásia.

O Museu Nacional da Imprensa está a promover a sétima edição do Concurso de Textos de Amor originais.

Trata-se de uma iniciativa especial para o Dia dos Namorados que se prolonga por uma semana, até ao dia 21 Fevereiro 2007.

Durante a “semana dos namorados” o museu está aberto à recepção de textos originais alusivos ao amor e os visitantes poderão imprimir poemas de carácter amoroso.

Dirigido aos apaixonados de todas as idades e residentes em qualquer parte do país, o concurso vai premiar o melhor texto concorrente, em poesia ou prosa, com viagens, livros e cd-roms.
Vivam as bibliotecas vivas e os museus vivos!

coração, cabeça e estômago

Camilla Engman

Editado em 1862. A história é a autobiografia sentimental de Silvestre da Silva, que ao morrer deixa de herança, a Camilo, três livros, o 1º Coração, o 2º Cabeça e por último Estômago, que Camilo vai editar.
Desenganem-se. Camilo escreve, na realidade, este romance, contemplando as três fases da vida de Silvestre da Silva (dele próprio?), e não deixa de fazer crítica à vida da sociedade da época, sobretudo da cidade do Porto, onde ele próprio esteve preso e foi julgado no processo de adultério.
Nas três partes do livro, guia-nos pelas memórias de Silvestre, através das quais nos revela como a personagem se deixou guiar pelo coração, pela cabeça ou pelo estômago.
O editor interpela o narrador, o narrador ri-se da personagem Silvestre, o narrador contrapõe o editor, etc, etc. Soberbo, na arte de fingir. Supera o dramatismo e romantismo do Amor de perdição, renega-se, renega um estilo, uma filosofia, e genialmente ri-se dele próprio.
Vivam as bibliotecas vivas.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

para a ana plácido

"Queen" de Camila Engman
Camilo escreveu sobre Ana Plácido:

"É uma alma de ferro a desta mulher. Faz orgulho amá-la! Os próprios inimigos se espantam, e dizem que sou eu que lhe dou a coragem. Mentem. É ela que se maravilha a si própria"

in "Correspondência de Camilo Castelo Branco", Alexandre Cabral

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

inquérito no rato de biblioteca

O Pedro Príncipe, Rato de Biblioteca, participante no Painel "Weblogues no domínio da Ciência da Informação", no 9º Congresso BAD, lança um inquérito, no seu blogue, para tentar recolher informações pertinentes para a reflexão. Isto é que é trabalhar. Aprende Luísa. Vamos participar respondendo ao inquérito. Eu já votei!
Vivam as Bibliotecas Vivas.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

casa da leitura

O portal Casa da Leitura criado pela Fundação Calouste Gulbenkian, com os colaboradores Ana Margarida Ramos, António Prole, João Paulo Cotrim, Sara Reis Silva, e muitos outros entusiastas, já está disponível para promover o livro e a leitura, tirar dúvidas e disponibilizar recensões de mais de 500 livros dirigidos à infância e adolescência, biografias e bibliografias, com actualização semanal, e facultar respostas a dúvidas, de famílias e profissionais, sobre práticas de leitura.
O portal destina-se aos mediadores da leitura, bibliotecários, professores, e ao público em geral, sobretudo pais e educadores.
Vivam as bibliotecas vivas.

hossana


O folheto intitulado Hossana de Camilo Castelo Branco, impresso no Porto em 1852, previamente publicado no jornal "Cristianismo", e desde a 1ª edição, na obra, "Duas épocas da vida" e "Preceitos da consciência", é composto por poemas religiosos do escritor.
Na primeira parte, apresenta as poesias religiosas, de pendor reflexivo, sobre os chamados «Sete Salmos Penitenciais», que fazem parte das sete súplicas distribuídas no Saltério (Salmos 6; 31; 37; 50; 101; 129; 142), e que a tradição cristã utiliza para invocar o perdão dos pecados. São célebres os comentários de S. Gregório Magno aos sete Salmos. Mas, quem melhor do que Camilo para retratar a condição humana?
Na segunda parte, Camilo apresenta os sete poemas "As Sete Dores de Maria Santíssima". Mais uma vez, uma temática de tradição cristã, que venera de modo especial as sete dores de Maria, que são: "a profecia de Simeão; a perseguição de Herodes e a fuga da Sagrada Família para o Egipto; a perda do Menino Jesus no Templo de Jerusalém; o encontro desta Mãe com Seu Filho; carregando a Cruz, no caminho para o Calvário; a Crucificação de Nosso Senhor; quando recebeu nos seus braços o corpo de Jesus Cristo, descido da Cruz; quando depositou Jesus no sepulcro, ficando Ela em triste solidão."
Camilo, em Hossana, retrata a sua fé.
Uma crença aclamada só na sua poesia?

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

sarapatel de anjos e lágrimas

A blogosfera
fonte: blogue Data mining de Mattew Hurst

Camilo tem razão. Duas épocas na vida, a idade da determinação do coração e a idade da determinação da consciência. Não sendo uma sequência, é uma dinâmica que comanda a escrita e a vida. Diria, António Damásio, que a consciência, função biológica crítica, permite-nos conhecer a tristeza e a alegria, o amor e a perda.
O "sarapatel de anjos e lágrimas", que provoca a leitura da poesia na obra "Duas épocas na vida" do Camilo, é próprio, como ele mesmo diz, do insondável mistério humano.
António Damásio defende que a consciência é a chave para a vida examinada, a certidão para conhecer os sentimentos, as emoções. Provavelmente, a obra de Camilo está na cabeceira de Damásio.
Vivam as bibliotecas vivas.

o grande silêncio

Cartuxa, Alpes

Em 1998, estive nos Alpes franceses, em Grenoble, durante cerca de um mês, reunida com bibliotecários dinamarqueses e franceses. Representava oficialmente a Associação Bibliomédia e a Biblioteca Municipal de V.N. de Famalicão, no Seminário “Construire L´Europe dans les Bibliothèques: l´approche de l´histoire et de la littérature de 3 pays européns Dinamarca, Portugal , França”.
Desenvolvíamos um projecto de intercâmbio cultural e literário entre estes países. Visitamos muitas bibliotecas públicas da região, a casa do escritor Sthendal, alguns museus e aprendemos muito uns com os outros. Discutíamos um renascimento social, através dos livros, periódicos, bibliotecas, que transformariam a sociedade. Construir a Europa, uma Europa mais unida pela diversidade cultural.
Subimos à montanha, de carro, e demos longos passeios a pé. Apreciei, de longe, a Cartuxa.
Na altura, tão ávida e apressada que estava em aprender tudo, que só por uma graça inexplicável, me apercebi do "grande silêncio".
O filme Die grosse Stille, do cineasta alemão Phillip Groning, sobre a vida de contemplação e meditação dos monges da Ordem Cartusiana, da Cartuxa dos Alpes, está a surpreender o mundo de hoje. Deixemo-nos, também apanhar desprevenidos e silenciemos a nossa existência, para ver e sentir a Chartreuse.
Não sei explicar, mas as bibliotecas, definitivamente, cruzaram-se com minha vida.
Vivam as bibliotecas vivas.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

memórias de uma família III


Decorreu, no Teatro Nacional de S. Carlos de 6 a 11 de Novembro 1991, o "Amor de Perdição", um drama musical em 3 actos para cantores, actores e músicos. A música de António Emiliano e o libreto de António S. Ribeiro (baseado no romance de Camilo) transformaram o romance num drama muito próximo de uma ópera, nunca deixando de ser teatro declamado e simultaneamente cantado. Foi uma produção com os actores residentes do Teatro Nacional D. Maria II e dos cantores do Teatro Nacional de S.Carlos.
O libreto abre e fecha com a mesma frase:

"Amou, perdeu-se e morreu amando"

In Amor de Perdição e em todo o universo Camiliano.
Vivam as bibliotecas vivas.

Pode ser consultado na Casa de Camilo:
Amor de perdição : drama musical em três actos para cantores e actores e músicos / Teatro Nacional de S. Carlos, Teatro Nacional D. Maria II ; música por António Emiliano ; libreto de António S. Ribeiro. - Lisboa : Teatro Nacional de S. Carlos, 1991. - 67 p. : il. ; 22 cm. - Contém: autógrafo de Alexandre Cabral no anterrosto .- Espéctáculo apresentado em estreia absoluta nos dias 6, 8, 10 e 11 de Novembro de 1991.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

memórias de uma família II


amor02.jpg

Podemos descobrir em Amor de Perdição, filme de Manoel de Oliveira, uma adaptação soberba da obra de Camilo Castelo Branco. O filme tem como argumento o próprio livro. Nada no filme escapa ao romance, tendo até Oliveira a ousadia de acrescentar uma ou duas cenas adicionais. É o caso do desembarque da família Botelho no Douro, a caminho de Vila Real. Momento que associa a futura tragédia de Simão, protagonista da obra, pois ali ele voltará a embarcar para África. O filme é uma espécie de teatro filmado, onde as personagens são voz.
Perdição. O Amor assim entendido, leva Mariana, Teresa e Simão a encontrarem-se na Morte, encontro magnificamente filmado por Manoel Oliveira.
Vivam as bibliotecas vivas.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

memórias de uma família


Luís Amaro de Oliveira (1920-1991), professor, autor de inúmeros livros didácticos sobre escritores portugueses, escreve uma síntese crítica, análise literária do "Amor de perdição", no ano de 1975. Muitos alunos estudaram a obra camiliana por este estudo.
O que tem Luís Amaro de Oliveira de tão especial? Para além de apaixonado pelo Camilo, sensibilizou jovens leitores para a narrativa do escritor; foi amigo do cineasta Manuel de Oliveira, e participou activamente em reuniões de preparação das filmagens do "Amor de Perdição". Seu filho, José Nuno Oliveira, guarda religiosamente os rascunhos de desenhos de cenas do filme desenhadas, em toalhas de papel do restaurante, pelo Luís e o Manuel de Oliveira.

"Vi na secretária do Luís Amaro (o de cá...) a sua edição do "Amor de Perdição", cobicei-lhe o livro, li o seu comentário – e quero felicitá-lo: é uma lúcida, original, fundamentada, válida leitura crítica do texto camiliano".

JACINTO DO PRADO COELHO, correspondência particular, 16/12/76

Homenagem a Luís Amaro de Oliveira - Póvoa de Varzim, 1998

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Victor Hugo e Camilo


"L´amour n´a point de moyen terme : ou il perd, ou il sauve."
Victor Hugo

Pensamento impresso na folha de rosto da obra "Amor de Salvação", 8ª edição, de Camilo Castelo Branco.
Em 21 de Agosto de 1889, Camilo oferece, a seu filho Nuno, "Os Miseráveis" de Victor Hugo, seu admirado escritor francês e seu contemporâneo. Este obra pertence ao espólio da Casa de Camilo, para sempre ligada com a vida de Victor Hugo.
Vivam as bibliotecas vivas.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

amor de salvação III


Hoje, no Minho, 9h45
Seide

"Estava claro o céu, tépido o ar, e as bouças e montes floridos. O mês era de Dezembro, de 1863, em véspera de Natal.
A gente das cidades pergunta-me em que país do mundo florescem, em Dezembro, bouças e montados.
Respondo que é em Portugal, no perpétuo jardim do mundo, no Minho, onde os inventores de deuses teriam ideado as suas teogonias, se não existisse a Grécia."

In Amor de Salvação
Camilo Castelo Branco