Agradeço à Manuela Barreto Nunes a disponibilidade para a cedência deste texto que nos dá resposta sobre a audição pública sobre "O projecto de lei para a criação da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas" apresentado pelo Bloco de Esquerda (BE), no dia 11 de Janeiro na Casa Amarela da Assembleia da República.
"Foi uma boa sessão, com muitos bibliotecários presentes e vindos de todo o lado. Para além do Henrique Barreto Nunes e da Maria José Moura, que fizeram a contextualização da necessidade da lei, e que estavam na mesa com os deputados do BE (José Manuel Pureza e Catarina Martins), estavam presentes, entre outros que não identifiquei: Calixto; Paulo Leitão; Vera Silva; Rui Neves; Filipe Leal; Constantino Piçarra; Maria José Vitorino; Paula Sequeiros; Natércia Coimbra; Pina Falcão; José Correia; o Bibliotecário de Vila Franca de Xira, que não me lembro o nome; Margarida Toscano (RBE); Daniel Melo (o historiador que publicou agora a história da leitura pública na 1.ª república); José Manuel Mendes (escritor). Mais alguns bibliotecários que conheço mas não sei os nomes.
O debate foi muito participado e motivador. O projecto de lei foi bastante criticado por revelar uma visão algo ultrapassada das bibliotecas (deveria estar mais imbuído do presente e do futuro tecnológico), e houve opiniões divergentes sobre algum excesso de centralismo que lhe foi apontado. A Catarina Martins explicou as razões porque o projecto foi apresentado de repente e sem mais consultas (houve algumas prévias que se aguardava fossem seguidas por uma discussão mais alargada): segundo ela, pretendia-se acautelar o futuro da rede de bibliotecas públicas, na sequência da extinção da DGLB e dos cortes orçamentais; as explicações foram bem aceites pelos colegas. Foram feitas várias sugestões a levar em conta caso seja aprovado na generalidade, e os deputados do Bloco comprometeram-se a novas e mais demoradas consultadas para as alterações a serem feitas na especialidade.
Caso o projecto não seja aprovado, o BE pretende refazê-lo e voltar a apresentá-lo, nessa altura depois de um debate mais aprofundado com os bibliotecários.
Uma nota de observação minha: se repararem, a maior parte das pessoas presentes nunca foram ou já não são bibliotecários públicos. Apesar de a sessão se ter realizado em Lisboa, o que afastou a possibilidade de
deslocação de muitos colegas, a verdade é que em Lisboa e na região há muitos bibliotecários... Essa é uma nota preocupante, no meu entender, pois parece que somos mais os de fora preocupados com o assunto, do que aqueles que estão neste terreno específico."
Manuela Barreto Nunes
(recebido por email datado de hoje 12 janeiro 2011)
4 comentários:
Muito bem! Mas gostaria de acrescentar o seguinte.
De tão evidentes e relevantes, a Manuela parece ter-se esquecido dos dois colegas, que aliás estavam na mesa: Maria José Moura e Henrique Barreto Nunes! :-)
Quanto à sua percepção da ausência dos colegas das bibliotecas públicas, talvez ela deva ser minorada pela presença de algumas pessoas mais novas, que provavelmente a Manuela não conhecerá. Mas não deixa de se verdade a sensação de um alheamento progressivo em relação à profissão. Ou estaremos enganados e o problema é outro?
É verdade que a lei é uma necessidade tal como parece existir algum "alheamento" profissional. Ou será falta de iniciativa? A sessão foi, no entanto, um bom primeiro passo pois como disse a Maria José "As bibliotecas são a casa da democracia. Uma democracia que não cuida das suas bibliotecas é uma democracia sem abrigo"! Contudo, é preciso limar arestas e dar continuidade ao trabalho...
Afinal a Manuela mencionava o Henrique e a Maria José. Peço desculpa :-)
"Eles começaram perseguindo os comunistas, e eu não protestei, porque não era comunista.
Depois, vieram buscar os judeus, e eu não protestei, porque não era judeu.
Depois ainda, vieram buscar os sindicalistas, e eu não protestei, porque não era sindicalista.
Aí, vieram buscar os homossexuais, e eu não protestei, porque não era homossexual.
Aí então, vieram buscar os ciganos, e eu não protestei, porque não era cigano.
E depois, vieram buscar os imigrantes, e eu não protestei, porque não era imigrante.
Depois, vieram me buscar.
E já não havia ninguém para protestar!"
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