O universo poético de Herberto Helder é dos meus preferidos. Se mergulhar dificilmente nado noutras águas.
No balcão de atendimento da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, temos o Poemário, uma oferta de leitura de um poema aos utilizadores, editado pela Assírio e Alvim. Hoje é a vez do poeta Herberto Helder, com este poema :
"Há uma árvore de gotas em todos os paraísos.
Com o rosto molhado,
eu posso ficar com o rosto molhado,
com os olhos grandes.
Neste lugar absoluto pelo sopro,
fervem as víboras de ouro aos nós
sobre as pedras enterradas. Leopardos
lambem-nos as mãos giratórias.
E eu abro a pedra para ver a água estremecendo.
A água embebeda-me.
Como nos corredores de uma casa brilha o ar,
brilha como entre os dedos.
- A minha vida é incalculável."
In : Ou o poema contínuo.
Vivam as bibliotecas vivas.
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