Rui Vilela, albicastrense, autor do blogue sem fim, visitou a recente biblioteca municipal de Castelo Branco e apresenta-nos uma perspectiva que nos deixa a pensar sobre as inaugurações políticas "forçadas" das bibliotecas, os arquitectos que desenham bibliotecas que não funcionam, os profissionais não preparados ou colocados pelo município, na biblioteca, pelas razões mais inesperadas. E o resultado são espaços com livros e novas tecnologias a que se chama biblioteca, onde o sucesso está centrado no empréstimo de DVD e na utilização gratuita da Internet. Catálogos informatizados, atendimento de referência personalizado e outras tendências mais "modernas" ainda não se inauguraram! Aguarda-se para um futuro próximo... Dá que pensar que bibliotecas queremos!
De qualquer maneira, o espaço desta biblioteca é agradável e enche o olho como vemos nas imagens captadas pelo Rui. Agradeço a este investigador que nos promete mais reportagens sobre bibliotecas polacas!
Apresentação
A biblioteca é comprida, moderna, e climatizada. Tem dois pisos, cujo acesso se faz por elevador, ou escadas rolantes.
A iluminação natural vem toda através dos vidros da fachada norte. Algumas das luzes têm lâmpadas incandescentes, em vez de fluorescentes. À tarde, os funcionários fogem dos raios de sol que atravessa o edifício de uma ponta à outra.
Os arredores do edifício ainda estão em obras. Possivelmente o parque de estacionamento que fica no túnel rodoviário atrás é para servir a biblioteca. Tirando estes pormenores é um espaço agradável para passar o serão.
A biblioteca está dividida em várias áreas: a secção infantil no 2º piso, com livros para bebés e crianças até aos 7-9 anos, juntamente com algum equipamento didáctico.
A secção juvenil, no 1º piso, com livros destinados ao público-alvo, incluindo a colecção aventuras fantásticas da qual sou fã. Esta secção tem vários equipamentos audiovisuais, incluindo DVD e cassetes VHS. Ao lado, estão meia-dúzia de postos da Internet (para usar é necessário requisitar o rato wireless na recepção).
A "secção de ficção" é composta por duas longas filas de estantes de livros, na fachada sul. O patamar superior tem os autores portugueses, enquanto o inferior tem os autores estrangeiros. Há 2 salas abertas que contêm as obras temáticas, livros regionais, braille (uma estante grande), dicionários, enciclopédias, ciências, religiões, política (ficção?), sociedade.
Os jornais e revistas actuais estão na recepção. Há uma secção de DVD para ver emprestar, além da existente na secção juvenil, com filmes de acção e documentários.
Quanto a equipamentos, existem digitalizadores, máquinas para leitura de obras em braille, computadores, fotocopiadoras, postos locais para os bibliotecários, além de todo o recheio audiovisual. Acho que não há rede wireless.
Quanto à organização da Biblioteca, espero que melhore nos próximos tempos. No primeiro dia que estive na biblioteca, inscrevi-me como novo utilizador. Não me foi atribuído um cartão de utente porque serão feitos posteriormente, e enviados pelo correio. (Há um mês havia 700 utilizadores). Claro que tive de memorizar o número, mas já não me lembrava na segunda visita, 15 dias depois. No primeiro dia, levei 3 livros, e descobri que não há emissão de talões de controlo, porque ainda não estava instalado o software que permite o funcionamento das impressoras de talões. Perguntei pelo regulamento, mas fiquei a saber que ainda não havia. Quanto à página da Internet, será embebida com o site da câmara municipal, juntamente com o regulamento. Até hoje, ainda não havia uma ligação na câmara sobre a biblioteca. Os computadores não têm nenhum software relacionado com a biblioteca. Não existe um catálogo digital dos livros.
Em relação ao público, reparei que o empréstimo gratuito por 3 dias dos DVD, além da utilização gratuita da Internet, embora limitada, atrai muito público.
Quanto aos bibliotecários, devo ter sido azar. Devia ter falado com as veteranas, porque sucedeu-me o seguinte: Estando o posto mais próximo sobre bombardeamento dos raios solares da tarde. Dirigi-me ao seguinte, e falei com o bibliotecário. Perguntei pelo livro "Por quem os sinos dobram" do Ernest Hemingway. Depressa veio a resposta: "Quem?". Pensei que os bibliotecários saberiam pelo menos todos os escritores laureados com o Nobel. Repetindo o nome, mas também vi que o homem não sabia usar um teclado de um computador, e que o programa não funcionava. Enquanto pensava em bater com o LCD na cabeça do homem, ele chamou a segunda bibliotecária, que reconheu o Ernest, mas não sabia quantos "m" tinha o apelido do homem. Finalmente veio a resposta: Secção 821, e está "disponível". Até ficou gravado na mente, porque a secção de romance americano, eram 5 estantes, e após 10 minutos não encontrei o livro que queria, porque os livros não estavam sequer sub-organizados por "nada". A minha namorada (polaca) acabou por encontrar uma versão francesa, contudo queria português. Entretanto são 18 e meia, tive que sair de mãos a abanar.
Hoje reparei que quando escrevo "Biblioteca de Castelo Branco" no Google, o meu blogue já está nas posições cimeiras, e continua a não haver informação sobre a biblioteca municipal de Castelo Branco. Não quero deixar uma impressão negativa da biblioteca, porque a embalagem não é tão importante como o seu conteúdo. Gostei da oferta de livros que encontrei. Há para todos os gostos.
Vivam as bibliotecas vivas!