segunda-feira, 30 de abril de 2007
a arca do conselho : um novo blogue de um arquivista
sexta-feira, 27 de abril de 2007
9º Congresso BAD : diário de um anarquista
(o conselho editorial cedeu ao lóbi e publica o diário de uma voz inconfundível do meio bloguista português)
Aterrei em Ponta Delgada em 25 de Março para efectuar uma acção de formação de dois dias na Biblioteca Pública e Arquivo Municipal de Ponta Delgada que correu às mil maravilhas, na medida em que recebi os devidos honorários atempadamente.
No dia 28 pela manhã lá me encaminhei para a Universidade dos Açores. Entre cumprimentos e aplausos efusivos, consegui finalmente dirigir-me à Aula Magna para a Sessão Inaugural e Conferência Plenária. Gostei, como toda a gente, da excelente comunicação de Chris Batt (que números impressionantes: 25% da população em Inglaterra frequenta as Bibliotecas Públicas…). Prometi a mim mesmo ir à net procurar mais “coisas” do Chris mas, como é meu apanágio, ainda não cumpri. A cantina universitária, por seu turno, impressionou-me pela negativa. Os preços não eram especialmente convidativos e o “Bacalhau à Braz” que me puseram no tabuleiro estava frio. A partir daí almocei sistematicamente no bar que ficava no piso superior e pelo mesmo preço serviam a comida quente, o que constituiu na minha perspectiva o mais extraordinário SCIENTIFICAL BREAKTHROUGH de todo o congresso.
Na parte da tarde tive alguma dificuldade em apurar com rigor a localização geográfica do Auditório C, onde assisti com interesse desinteressado à comunicação do António Sá Santos sobre «Marketing nas Bibliotecas», após a qual sai discretamente (tipo elefante numa loja de porcelanas) em direcção ao auditório 1. Perdi, com pena, a comunicação do “doutor” (curvo-me reverencialmente) Eloy Rodrigues, mas no auditório 1 concentravam-se uma série de comunicações das minhas colegas da Câmara Municipal de Lisboa e a minha presença interessada na primeira fila constituía uma oportunidade única para em simultâneo “dar graxa” a toda a comitiva hierárquica que me dirige. Apesar da intenção declaradamente mal intencionada foi bom rever a síntese de «melhoria do desempenho na Rede BLX» da autoria das minhas veneráveis chefes (curvo-me reverencialmente) Eunice Figueiredo e Leonor Gaspar Pinto e do Paulo Silva (the best system librarian ever known). Infelizmente não tive tempo para assistir à comunicação da Sofia Santos e do gang do Serviço de Aquisições e Tratamento Técnico (fica para a próxima), mas tinha de aprender alguma coisa sobre blogues (até porque no dia seguinte ia participar numa mesa redonda sobre o este misterioso tema) pelo que regressei ao saudoso auditório C, onde “apanhei” ainda a Clara Assunção desprevenida a falar sobre «O Centro de estudos musicológicos da BN» e dei por mim a relembrar-me dos dias gloriosos na Fonoteca Municipal (responsável pela minha iniciação à profissão de bibliotecário) a catalogar Material Não Livro…
Lamento mas ainda não se livraram de mim… see you soon.
quinta-feira, 26 de abril de 2007
não apaguem a memória !
Fica aqui a referência ao blogue Não Apaguem a memória !, com uma linha editorial perfeita, pelos contribuidores : João Miguel Almeida, Paula cabeçadas, Daniel Melo, Cláudia Castelo, António Melo e Joana Lopes.
“Somos um movimento cívico que nasceu de um acto de protesto contra o apagamento da memória histórica da resistência à ditadura do Estado Novo.
Recusamos absolver historicamente o fascismo e os crimes que em seu nome se cometeram. Não nos move um intuito persecutório, tão só o respeito pelos que, por ansiarem por liberdade, foram perseguidos, presos, torturados e em muitos casos assassinados. Foi numa atitude solidária para com estes resistentes que estivemos no 5 de Outubro de 2005 diante da ex-sede central da PIDE/DGS, na Rua António Maria Cardoso (em Lisboa), em 1 de Abril no Forte de Peniche, em 1 de Julho no Aljube (Lisboa), em 16 de Julho à ex-sede da PIDE no Porto (actual Museu Militar). Quisemos dar público testemunho da nossa recusa no apagamento dessa memória de resistência à tirania.
Apelámos, a todos os que connosco partilhavam esta exigência de cidadania, que subscrevessem a petição à Assembleia da República, onde se reclama ao Estado português o reconhecimento da memória dessa resistência, que lutou sem tréguas para que vivamos
Somos um Movimento de cidadãs e cidadãos livres, auto-organizado e auto-dirigido, plural e aberto, que pretende contribuir para a salvaguarda e divulgação da memória da resistência à ditadura e ao fascismo. Ao fim de mais de 30 anos de regime democrático não se pode adiar mais o reconhecimento dessa resistência na construção da sociedade democrática que é a nossa.
O blogue Não Apaguem a Memória! quer ser um espaço de discussão sobre o que foi o regime ditatorial que dominou Portugal e os portugueses – social, cultural e politicamente – durante quase meio século.
Aceitamos discutir a história, queremos divulgar contributos que permitam melhor conhecer esse período histórico. Privilegiaremos os testemunhos dos antigos presos políticos. Não aceitamos, porém, o branqueamento da Ditadura Militar e do Estado Novo.
Somos pela democracia, pelo respeito das liberdades e pela defesa do Estado de Direito, pela defesa da dignidade dos homens e mulheres que se opuseram ao fascismo.
Estes são os nossos princípios e objectivos. É esta a linha que nos propomos seguir."
Vivam as bibliotecas vivas.quarta-feira, 25 de abril de 2007
comemorar 25 Abril : bibliografia de livros proibidos
O trabalho teve por objectivo a elaboração de uma bibliografia das obras de edição portuguesa cuja circulação esteve proibida durante o regime fascista - Estado Novo de 1926 a 1974.
A censura instituída em 1926 cria uma política de informação repressiva que controlava ideologicamente a população. Não havendo censura prévia sobre os livros, a polícia política apreende-os nas tipografias, nas casas editoras, nas livrarias, nas casas particulares e vigiava a sua circulação nos correios, com total desrespeito pelos direitos do homem. A suspensão da circulação de títulos de publicações; a destruição dos livros; a extinção da Sociedade Portuguesa de Escritores em 1965; as obras proibidas à consulta nas bibliotecas; os autos de busca; a intimação e prisão dos escritores; uma só expressão: repressão cultural.
Foram identificados 508 títulos mas cerca de 927 ficaram por localizar: referências deficientes, livros retirados da consulta nas bibliotecas devido à censura, etc. O número total das obras não identificadas contempla, também, as edições brasileiras que não foi possível distinguir das portuguesas com os dados que disponho.
Desde ontem, no E-LIS : Livros portugueses proibidos no Regime Fascista: bibliografia, para comemorar o 25de Abril !
Vivam as bibliotecas vivas!
terça-feira, 24 de abril de 2007
amor de perdição
segunda-feira, 23 de abril de 2007
os livros das nossas vidas : exposição na Biblioteca Pública de Braga
"Para celebrar em 2007 o Dia Mundial do Livro, que se comemora a 23 de Abril, a Biblioteca Pública de Braga desafiou os seus Leitores mais persistentes ou os seus Amigos que em ocasiões várias têm colaborado nas iniciativas que promove ou a apoiam nos momentos difíceis que muitas vezes vive, a indicarem o livro da sua vida.
Pedimos que cada leitor, que cada amigo nos confidenciasse “o título de um livro que tenha marcado a sua vida, que seja para si um livro inesquecível” e das respostas recebidas surgiu esta pequena exposição.
OS LIVROS DAS NOSSAS VIDAS é uma revelação pessoal, a surpresa de uma escolha que decorre das recordações da infância, da descoberta de um texto que abre horizontes, da sua importância para a formação pessoal ou académica ou apenas do simples prazer que a leitura pode sempre proporcionar.
Assim, a BPB apresenta, por ordem alfabética, os livros escolhidos, os respectivos autores, bem como os nomes das pessoas a quem a sua leitura tanto marcou e que poderão ser apreciados na exposição patente no Átrio da Reitoria da Universidade do Minho (Largo do Paço, Braga) desde 23 de Abril a 25 de Maio de 2007 nos dias úteis, das 9 às 17:30h."
APARIÇÃO / Vergílio Ferreira
Vergílio Alberto Vieira
BÍBLIA SAGRADA / trad. António Pereira de Figueiredo
Amadeu Torres
Carlos Jaca
Joaquim Domingues
BICHOS / Miguel Torga
Sara T. Silva
OS CADERNOS DE MALTHE LAURIDS BRIGGE / Rainer Marie Rilke
Carlos Corais
CEM ANOS DE SOLIDÃO / Gabriel Garcia Márquez
Maria Fernanda Jaca
CONFESSO QUE VIVI / Pablo Neruda
Amadeu Sousa
CONFISSÕES DE UM HOMEM RELIGIOSO / José Régio
Agostinho Domingues
CRISTO RECRUCIFICADO / Nikos Kazantzaki
Manuel Gama
Rui Vieira de Castro
DOS LÍQUIDOS / Daniel Faria
Manuel Pinto
UM DRAMA NA LIVÓNIA / Jules Verne
Aníbal Alves
HISTÓRIA DA GUERRA DO PELOPONESO / Tucídides
Luís F. Lobo Fernandes
A ILÍADA / Homero
João Lobo
ILUMINAÇÕES / Jean Arthur Rimbaud
Ana Gabriela Macedo
O LIVRO DE SAN MICHELE / Axel Munthe
Alberto Cruz
OS LUSÍADAS / Luís de Camões
José Sampaio
A MÃE / Maximo Gorki
António Guimarães Rodrigues
OS MAIAS / Eça de Queirós
Eloy Rodrigues
MEMÓRIAS DE ADRIANO / Marguerite Yourcenar
Maria Virgílio C. Lopes
MEU PÉ DE LARANJA LIMA / José Mauro de Vasconcelos
Helena Laranjeiro
A NEW EARTH / Eckhart Tolle
Irene Montenegro
NOVOS CONTOS DA MONTANHA / Miguel Torga
Anabela Ramos
ODISSEIA / Homero
Miguel Bandeira
A ORIGEM DA FAMILIA, DA PROPRIEDADE PRIVADA E DO ESTADO / Friedrich Engels
Raul Peixoto
OUTONO EM PEQUIM / Boris Vian
Manuela Barreto Nunes
A PAIXÃO SEGUNDO G.H. / Clarice Lispector
Carlos Mendes de Sousa
Acílio E. Rocha
PEREGRINAÇÃO INTERIOR / António Alçada Baptista
Carlos Bernardo
PHOTOPHYSICS OF AROMATIC MOLECULES / John B. Birks
Licínio Chaínho Pereira
POESIAS INÉDITAS (1919-1930) / Fernando Pessoa
Luísa Alvim
PRAÇA DA CANÇÃO / Manuel Alegre
Henrique Barreto Nunes
O PRINCIPEZINHO / Antoine de Saint Exupéry
Aida Mata
Nuno Pinto Bastos
Claúdio Lima
PROSAS / Antero de Quental
Lúcio Craveiro da Silva
RUA DE SENTIDO ÚNICO E BERLIM POR VOLTA DE 1900 / Walter Benjamin
Manuel Sarmento
SERVIDÃO HUMANA / Somerset Maugham
Fernando Pinheiro
SÓ / António Nobre
António Durães
OS SUBTERRÂNEOS DA LIBERDADE / Jorge Amado
Jorge Matos
ULISSES / James Joyce
José Miguel Braga
O VALENTE SOLDADO CHVEIK / Jaroslav Hasek
José Viriato Capela
O VELHO E O MAR / Ernest Hemingway
José Manuel Mendes
Vivam as bibliotecas vivas.
sábado, 21 de abril de 2007
Bibliotecas Municipais de Lisboa: considerações sobre a gestão de colecções
“Bibliotecas Municipais de Lisboa: considerações sobre a gestão de colecções” comunicação apresentada ao 9º Congresso BAD, de Fernanda Eunice Figueiredo e Maria Carla Proença.
As autoras analisaram as colecções da Rede Municipal de Bibliotecas de Lisboa, mediante o seu estudo e enquadramento na situação e dinâmicas de gestão que lhes têm sido aplicadas. Caracterizaram as colecções e o modelo actual de gestão, avaliaram-nas através de métodos qualitativos e quantitativos, usaram estatísticas, comparação com listas, e visaram identificar a dinâmica relação entre colecções das BLX e o universo dos seus utilizadores.
Fazem um enquadramento relativo aos aspectos demográficos de Lisboa e das colecções das bibliotecas públicas, reflectem sobre a necessidade da existência de um documento sobre a política de desenvolvimento das colecções para a rede de bibliotecas e chamam atenção para as directrizes da IFLA/UNESCO sobre este tema.
Relata-se como se procedeu à recolha de informação para compreender os processos inerentes à selecção dos fundos, política de constituição e desenvolvimento de colecções, as questões levantadas pelo depósito legal, pelas aquisições e doações.
Após a recolha das informações anteriores, as autoras procederam a uma análise segmentada da literatura de ficção para adultos, e explicam pormenorizadamente como utilizaram esta metodologia de trabalho.
De toda esta análise que efectuaram emergiram um conjunto de preocupações resultantes da identificação de alguns obstáculos à gestão adequada das colecções: ausência de objectivos precisos no âmbito da política de gestão documental, distanciamento entre colecções e utilizadores, elevado número de documentos por processar, oriundos do Depósito Legal, reduzido investimento em aquisições, falta de espaço, etc.
Os resultados obtidos possibilitaram um conhecimento que se pretende que contribua para a reformulação das orientações/procedimentos
Vivam as bibliotecas vivas.
quinta-feira, 19 de abril de 2007
o romance dum homem rico
"É o livro que eu mais quero, e, a meu juízo, o mais tolerável de quantos fiz"
In Memórias do Cárcere, Camilo Castelo Branco
Vivam as bibliotecas vivas.
quarta-feira, 18 de abril de 2007
Apesar do Google: reforçar o papel do catálogo nas Bibliotecas Municipais de Oeiras
Reflectiu sobre necessidade de existência, nas bibliotecas públicas, de um catálogo informatizado de qualidade que permita uma rápida recuperação de informação, uniformização do tratamento documental, através de estabelecimento de políticas de indexação e da normalização de procedimentos técnicos de análise de conteúdo e descrição física dos documentos, assim como a criação de um ficheiro de autoridades de assunto e de autoria.
A autora faz uma apresentação do catálogo das Bibliotecas Municipais de Oeiras, desde o software, às facilidades existentes, ao fundo documental disponibilizado e à recuperação de informação.
Foi relatado a adopção de uma nova política de tratamento documental, nas BMO, que prevê no futuro um caminhar para um aumento efectivo de taxa de recuperação de documentos, uma melhoria na prestação de um serviço de qualidade, inclusão de facilidades inovadoras, como o catálogo de imagens dos documentos disponibilizados, a inserção de um directório de recursos electrónicos disponíveis na web, pesquisa simultânea noutros catálogos e bases de dados e em motores de pesquisa e directórios.
As Bibliotecas Municipais de Oeiras estão de boa saúde!
terça-feira, 17 de abril de 2007
experiência interdisciplinar no Centro de Estudos Musicológicos da Biblioteca Nacional: a voz de M. Clara Assunção
Foi apresentada, ao 9º Congresso BAD, a comunicação "Experiência interdisciplinar no Centro de Estudos Musicológicos da Biblioteca Nacional" das autoras Maria Catarina Latino, Maria Clara Assunção, Sílvia Sequeira, que pudemos ler, integralmente, nas actas do congresso. A bibliotecária Maria Clara Assunção deixa-nos aqui um depoimento sobre a sua experiência profissional num serviço de estudos musicológicos, na Biblioteca Nacional, onde trabalha com as autoras referidas, especialistas noutras áreas.
«Numa biblioteca especializada o bibliotecário tem de se confrontar com conhecimentos específicos da área temática da biblioteca e, não tendo de os dominar, tem, pelo menos, de lhes ser familiar. No meu caso concreto, tendo uma história pessoal ligada à música, desde a infância, como actividade amadora, a minha chegada ao CEM (então ainda com a designação Área de Música) significou a necessidade de adquirir conhecimentos teóricos que, até então, não me tinham sido necessários. Tudo começou no inventário dos livros de coro, quando tive de aprender a identificar e descrever tipos de notação musical, cânticos, festas litúrgicas, tudo conhecimentos que são comuns aos musicólogos e que eram completamente novos para mim. Na verdade, nessa altura, era tudo novo para mim porque os Cursos de Ciências Documentais só vieram depois, primeiro na variante de Arquivo e depois na de Biblioteca e Documentação. Com o tempo, houve ainda outras aprendizagens. Conhecimentos que permitem reconhecer a apresentação musical - partitura/parte, partitura de bolso, partitura vocal, etc. - identificar tonalidades, géneros e instrumentos musicais em várias línguas, reconhecer claves (não só as de Sol e de Fá, que já me eram familiares), identificar a tonalidade e o compasso. Embora me tenha inscrito numa escola de música, onde pude obter conhecimentos mais sistematizados, foi em primeiro lugar no contacto diário com as colegas musicólogas e, muitas vezes, com os próprios leitores, que mais aprendi e continuo a aprender.
Ao longo dos anos fui trabalhando com outros materiais, principalmente música impressa, e confrontei-me com as dificuldades inerentes a uma normativa deficitária, cheia de lacunas, capaz apenas de resolver os casos óbvios e dissociada da realidade diária de uma biblioteca de música onde o trabalho é tudo menos óbvio. Um bibliotecário espanhol referia-se às normas biblioteconómicas relacionadas com a música como uma «liturgia normativa» cheia de cabeçalhos de assunto inúteis, classificações delirantes, prioridades de descrição alheias às necessidades dos utilizadores de música e possibilidades de recuperação de documentos contrarias às suas expectativas.
Consciente destes problemas, acabei por mergulhar a fundo na teoria da catalogação e na normativa, particularmente a norma internacional de descrição bibliográfica para a música impressa, mas também nas regras existentes para a descrição de manuscritos musicais, a aplicação do UNIMARC, as regras para a construção dos títulos uniformes, a construção de cabeçalhos de assunto musical e o "último grito" da catalogação: os FRBR e a sua aplicação à música. É esse o papel que me cabe neste jogo interdisciplinar. Estudar as regras e normas, testar a sua aplicabilidade, acompanhar o trabalho das colegas, compilar as perguntas dos utilizadores, voltar às regras e tentar encontrar as soluções de compromisso possíveis entre uma prática que se exige normalizada - estamos na agência bibliográfica nacional que é, também, a entidade normalizadora - e a necessidade de prestar o melhor serviço possível aos nossos utilizadores, na sua maioria alunos de mestrado e doutoramento, logo, com práticas de pesquisa altamente sofisticadas.
Mais recentemente, no trabalho com os espólios de compositores, a formação em arquivo tem sido de grande utilidade mas, mais uma vez, não é suficiente. Tenho-me debruçado sobre o estudo da teoria arquivística e da sua aplicação aos espólios recolhendo exemplos de outros países, em particular o Canadá, que tem desenvolvido bastante trabalho nesta área, mas também a prática francesa e, mais recentemente, a prática desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais. Mas, mais uma vez, o contacto com os musicólogos tem sido indispensável. Sem esse contacto, seria impossível para mim compreender de que forma a descrição do espólio de um compositor pode facilitar ao investigador a compreensão da sua obra.»
Maria Clara Assunção
editora do blogue a Biblioteca de Jacinto e colaboradora nos Bibliotecários sem fronteiras 2.0
Agradeço a MCA a colaboração e o texto aqui disponível.
Vivam as bibliotecas vivas.
segunda-feira, 16 de abril de 2007
leia mais, viva mais
Vivam as bibliotecas vivas.
sexta-feira, 13 de abril de 2007
Indicadores de desempenho em serviços de documentação, informação e arquivos: uma experiência
varas dos romeiros que, durante as semanas da Quaresma, percorrem a ilha a pé, rezando junto das igrejas e capelas das localidades por onde passam.
Na comunicação “Indicadores de desempenho em serviços de documentação, informação e arquivos: uma experiência”, apresentada ao 9º Congresso BAD, de autoria de Judite Cavaleiro Paixão, Maria Alexandra Lourenço, Cristina Cardoso, partindo da experiência do Departamento de Arquivo, Documentação e Informação da Direcção Geral do Tribunal de Contas, as autoras apresentaram uma reflexão sobre as questões relacionadas com a aplicação de indicadores de desempenho a serviços de documentação, informação e arquivo, nomeadamente: metodologia de trabalho para a constituição da grelha de indicadores; o equacionar o tipo de indicadores: serviços prestados, prazos, custos e qualidade e desenvolvimento de novos indicadores, como os que reflectem as estratégias de actuação da unidade orgânica; os factores a ter em conta na selecção dos indicadores, como a utilidade para a unidade documental quer para os utilizadores, redução de prazos e custos, relacionamento com os objectivos estratégicos e transversais à instituição, como o sistema de avaliação do desempenho; a divulgação da grelha de indicadores, aos colaboradores, que vai sendo acrescentada em função das estratégias de actuação e dos objectivos de avaliação que a unidade orgânica vai estabelecendo.
As autoras apresentaram os indicadores desta grelha tanto para o arquivo corrente, intermédio, histórico, como para a biblioteca. Para cada objectivo foram apresentados os indicadores respectivos.
Como conclusão, foi referida a importância dos indicadores de desempenho, como ferramenta de auto-diagnóstico, para identificar os pontos fracos e fortes do processo; e ainda foi referido que a partir desta avaliação foram traçadas acções correctivas e acções de melhoria a desenvolver, enquadradas nos Planos de Acção, e igualmente traçados os objectivos a nível de avaliação do desempenho.
Mais uma boa prática para implementarmos nos serviços.
A comunicação pode ser consultada nas actas do 9º Congresso BAD.
Vivam as bibliotecas vivas.
quinta-feira, 12 de abril de 2007
orientações para a descrição arquivística: normalizar para partilhar e recuperar
30 Março 2007
Na comunicação “Orientações para a descrição arquivística: normalizar para partilhar e recuperar” por Lucília Runa, do Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, apresentada no 9º Congresso BAD, demonstra-nos algumas preocupações do IAN/TT em dotar a comunidade arquivística portuguesa de um instrumento de trabalho conforme às normas de descrição internacional. A existência das Orientações para a descrição arquivística (ODA) são o ponto de partida, mas deixam em aberto toda uma série de questões ainda não resolvidas.
A autora analisa as questões relacionadas com a experiência de implementação das ODA I: Documentação (a única disponibilizada das três partes que a compõem), um ano após sobre a disponibilização da 1ª versão definitiva. Faz o balanço do trabalho de divulgação e implementação e uma análise crítica do que já foi feito, e define perspectivas futuras.
Quanto à divulgação e implementação foram realizadas várias acções de formação, no ano de 2006, e levantados alguns problemas que surgiram na sequência da aplicação prática da ODA. Constataram a necessidade de definir aspectos da política de descrição das ODA, a adoptar no âmbito de uma Rede Nacional de Arquivos. O IANT/TT, em 2007, continuará a apostar em vários níveis de controlo da qualidade da descrição.
Quanto às perspectivas futuras, a autora afirmou, relativamente à ODA I, que a implementação terá que continuar na TT e nos arquivos distritais; igualmente terá que se definir diferentes níveis e modelos de controlo a realizar, periodicidade da sua execução, produção de instrumentos de análise e divulgação das conclusões. Relativamente à ODA II e III impõem-se a sua conclusão, assim como a definição de um modelo para o Ficheiro Nacional de Autoridades Arquivísticas, necessidade de normalização de procedimentos em áreas próximas da descrição e que implicam a elaboração de novos instrumentos de trabalho. A autora considera ainda que é fundamental a definição do tipo e das características da Rede Nacional de Arquivos.
Vivam as bibliotecas vivas.
quarta-feira, 11 de abril de 2007
o cliente nem sempre tem sempre razão: princípios de customer service nas Bibliotecas Municipais de Oeiras
30 Março 2007
Faz uma breve reflexão sobre a noção de customer service (organização do atendimento ao público, o tipo de serviços disponibilizados e a forma como são geridos os canais de comunicação com os leitores/utilizadores).
Relata a implementação dos princípios de customer service nas Bibliotecas Municipais de Oeiras, e apresenta uma compilação de trinta e uma regras para implementar o programa de customer service, tendo em conta vários autores, bibliotecas e a sua experiência profissional.
O artigo completo pode ser encontrado nas actas do 9º Congresso BAD
O autor é o editor do blogue Entre Estantes
terça-feira, 10 de abril de 2007
gestão da qualidade: uma experiência de implementação da CAF
A primeira comunicação apresentada ao 9ºCongresso BAD que destaco, da sessão de 30 de Março, é “Gestão da Qualidade: uma experiência de Implementação da CAF”, dos autores Celeste Freitas, Pedro Medeiros, Susana Cabral, António Rosa,
A comunicação pretendeu dar um testemunho do percurso da implementação da CAF, na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, no ano de 2006, assim como partilhar a metodologia utilizada, o processo de aprendizagem verificado e os resultados da organização.
Relatam-nos a implementação do processo de auto-avaliação, em quatro fases, o planeamento, apresentação da CAF à organização, o preenchimento da grelha de auto-avaliação e apresentação dos resultados.
Os resultados foram apresentados e partilhados, tantos os pontos fortes e fracos, aqui entendidos como oportunidades de melhoria. A Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada obteve a classificação da organização de 18 valores (valor máximo da CAF é 45), o que significa que o organismo se encontra na área da Qualidade com fortes potencialidades para ascender ao domínio de excelência organizacional (acima de 34). Apresentaram um plano de acções de melhoria, incluídas no plano de actividades da instituição para 2007.
Os autores concluíram que a implementação da CAF, nesta instituição, foi uma oportunidade que aproximou os colaboradores à Direcção e vice-versa, criou momentos de reflexão e de análise crítica construtiva relativamente aos desafios actuais. O trabalho irá continuar com a monitorização das acções do plano de melhorias, no ano de 2007, pela equipa da Qualidade, sendo o desafio seguinte apresentar uma candidatura a certificado da EFQM.
A comunicação retrata um boa prática que devemos implementar nos nossos serviços de informação.
A comunicação pode ser consultada nas actas do 9º Congresso BAD.
Vivam as bibliotecas vivas.
quinta-feira, 5 de abril de 2007
fórum biblioinfor
Vivam as bibliotecas vivas.
quarta-feira, 4 de abril de 2007
librarians.ning.com
O Fernando Vilarinho, do blogue Bibliotecas em Portugal, criou uma rede social a que chamou librarians, já com 93 membros. Participam só 3 portugueses...Parece-me que só podemos falar em inglês...Participemos.
Vivam as bibliotecas vivas.
vulcões de lama
vemos os futuros bloguistas Jacinto Guerreiro (Direcção Geral ADSE) e Jorge (Arquivo Oeiras), e ao fundo a Clara e a Luísa, a seu lado não se vê o espanhol António Carpallo Bautista (Universidade Complutense de Madrid), só os seus óculos.
jantar dos bloguistas Pedro Príncipe, Paulo Sousa, Clara Assunção, Júlio Anjos, Luísa Alvim, Adalberto Barreto
O congresso dos Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas terminou, e já voltamos dos Açores.
Nem a propósito, surge-me, na minha secretária, o livro Vulcões de lama, último romance escrito por Camilo.
Metaforicamente falando, nos Açores, ilhas vulcânicas, como lugar de um congresso, tanto podemos falar da lama como da actividade vulcânica, mas este último assunto é muito mais interessante. Sem dúvida, que o painel de discussão sobre a escrita em blogues, na nossa área profissional, contribuiu para o explodir de muitas atitudes, leituras e reflexões. Assim como algumas intervenções, através das comunicações, de colegas que estão vivos e mantêm bibliotecas vivas.
Camilo equipara as paixões humanas às erupções vulcânicas e nem é necessário dizer como Camilo termina o romance, pois a decadência do seu universo vivencial, nesta altura da sua vida (suicídio 4 anos depois), traduz-se em lama, e no romance em relações de amores ilícitos entre o padre Hilário e algumas mulheres.
Desenganem-se os congressistas quanto à comparação do tema do romance com os factos passados neste congresso! Nem me atreveria a tal!
Fiquemos com Camilo e as razões do título desta obra:
"Ordinariamente quando, em estilo metafórico, usamos comparar as férvidas paixões de alguns homens aos vulcões, a comparação vai buscar o símile às crateras do Etna, do Hecla e do Vesúvio. Presume-se pois que os antros do coração humano refolgam fogo de paixões assoladoras como os intestinos do nosso globo jorram arroios de lava candente que subvertem, devastam, devoram, pulverizam ou petrificam toda a natureza viva e morta que abrangem nos seus braços de lavaredas.
Todavia, há aí na casca do planeta paixões cujo símile não dá o Vesúvio, o Hecla nem o Etna. É de Java que ele vem - de Java onde estuam convulsionados uns vulcões de lama que expluem o seu lodo sobre as coisas e as pessoas, primeiro emporcalhando-as, depois asfixiando-as na sua esterqueira espapaçada.
Neste romance estão em actividade permanente, sempre acesas, as crateras das paixões da aldeia, também vulcânicas, exterminadoras; mas sujas de uma porcaria nauseabunda - vulcões de lama", enfim.
Tal é a razão do título."
In Vulcões de Lama, Camilo Castelo Branco, 1886.
Vivam os vulcões das bibliotecas vivas e dos congressos que queremos apaixonados, sem rasto de lama.